domingo, 26 de julho de 2009

Primeiro Verão com novos horários no Bairro Alto redirecciona noctívagos para Santos

No novo mapa da noite lisboeta, o bairro de Santos é cada vez mais a referência para os noctívagos, nove meses depois da implementação de novos horários nos estabelecimentos nocturnos no Bairro Alto

Os horários mais restritivos no Bairro Alto foram aplicados em Novembro de 2008 como parte integrante do plano de intervenção da autarquia para a zona.O Bairro Alto, que era o ex-libris para os amantes da noite lisboeta, passou o testemunho a Santos, embora o«ambiente» e toda a vivência do novo espaço de eleição esteja longe de convencer a maioria dos noctívagos.«Quando os bares no Bairro [Alto] fecham, vamos normalmente para Santos. Mas não é a mesma coisa», afirmou à Lusa João Marques, 22 anos, que celebrava na noite lisboeta com os colegas de curso o fim de mais um ano lectivo. João Marques estudou um ano em Colónia, Alemanha, integrado no programa Erasmus. Garante que, onde esteve, «não há nada parecido» com o Bairro Alto, e não deixa de sentir «pena» pelos limites horários impostos no ano passado, embora «compreenda» o gesto em razão dos moradores no bairro.Para Ana Nunes, 19 anos, o hábito dos noctívagos lisboetas de «jantar tarde» ao fim-de-semana leva a que as visitas ao Bairro Alto sejam cada vez mais curtas.«Às vezes é jantar com os amigos, esperar que chegue mais alguém, acabar de comer tarde, ir ao Bairro Alto beber um copo e olhamos para o relógio e são duas da manhã. E há cada vez mais gente a ir para casa depois, em vez de continuar noutro lado», reforça.Cenário igual é assinalado por Hugo Madaleno, de 32 anos, engenheiro de formação, que admite que os novos horários no Bairro Alto alteraram «significativamente»os seus hábitos nocturnos.«Com a mudança da hora já não vou ao Bairro Alto, porque antes jantava por lá, entre as dez e a uma da manhã, mais ou menos, e depois continuava a copofonia até perto das quatro. 
Com o Bairro Alto a fechar a torneira às duas, torna-se impossível fazer isto. Agora vou até Santos, ou então depois do jantar vou para casa», disse à Lusa.Dificilmente um amante da noite lisboeta passa uma noite num só espaço. Pelo menos esta é a opinião de Jorge Santos, 43 anos, gerente do bar Left, no bairro de Santos.Para o responsável, Santos abrange diverso tipo de públicos, maioritariamente «miúdos», mas também camadas etárias mais velhas e com «diferentes objectivos» quando saem à noite.No entanto, assevera Jorge Santos, é «difícil» perceber se alguma da população que visita Santos de noite «vem directamente do Bairro Alto».Bica, Cais do Sodré, a discoteca Incógnito, em São Bento, meio caminho entre o Bairro Alto e Santos, e a discoteca Lux, em Santa Apolónia, todos em menor escala, foram locais da noite lisboeta também referidos pelos entrevistados como de possível prolongamento de diversão no período após o encerramento dos espaços no Bairro Alto.Lusa/SOL

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Bar 'after hours' atrai desacatos para Santos

Bar 'after hours' atrai desacatos para Santos

por DANIEL LAM12 Julho 2009

Junta de freguesia exige mais policiamento na zona. Bares funcionam fora de horas e atraem clientes até ao meio-dia. Distúrbios são frequentes durante as manhãs, com jovens de 13 e 14 anos a beberem álcool na rua, protestam os moradores

O presidente da Junta de Freguesia de Santos-o-Velho, Luís Filipe Monteiro, exige uma maior presença policial na Avenida D. Carlos I, em Lisboa, principalmente nas manhãs de sábado e domingo, no quarteirão onde se situa o chafariz e o jardim. O autarca denuncia ao DN que ali se "têm vivido situações complicadas com distúrbios causados por muita gente que se junta à porta de um bar after-hours".

"O problema não é lá dentro, mas na rua, à porta do Bar Alive, onde era o antigo Álcool Puro. Aquilo funciona em regime 'after-hours'. Fecha às 04.00 e depois reabre das 07.00 às 13.00", explicou.

Segundo referiu ao DN, "as pessoas que ficam barradas à porta e não podem entrar é que geram a maioria dos desacatos. Não se vão embora e mantêm-se ali. Acaba por se juntar muita gente e depois envolvem-se em zaragatas e cena de tareia, cantam e falam alto, incomodando os moradores logo de manhã cedo".

"Por vezes entram já alcoolizados na padaria situada ali perto e armam confusão, insultam os clientes e empregados. E não há um único polícia para intervir e evitar que aconteçam esses problemas", queixa-se o autarca.

Luís Filipe Monteiro salienta que "os responsáveis do bar não podem impedir as pessoas de fazerem barulho lá fora, pois só têm autoridade no interior do estabelecimento. Para fora da porta já é via pública e a ordem só pode ser imposta pelos polícias".

Para o bar Alive convergem pessoas que frequentavam o Karma, outro after-hours que funcionava na Avenida 24 de Julho, junto às escadinhas de acesso ao Museu de Arte Antiga, e já fechou há cerca de um ano e meio devido a distúrbios. "Até houve tiros lá dentro", lembra o autarca.

O problema, diz um residente na zona, é que os frequentadores desses espaços "já vieram de outros, onde passaram a noite a beber. Quando ali chegam, já vêm alcoolizados e alterados, provocando desordens na rua".

Uma vizinha queixa-se dos estabelecimentos que "vendem bebidas alcoólicas ao preço da chuva a miúdos de 13 e 14 anos, que depois ficam na rua a beber à beira do passeio".

"Nos últimos anos já fecharam três bares na Rua das Janelas Verdes, porque incomodavam os moradores", disse o autarca, lembrando que "antes havia sete bares naquela rua".

"Queremos que as medidas implementadas pela câmara municipal noutras zonas históricas de Lisboa sejam também aplicadas aqui para defender o bem-estar dos moradores e evitar que as pessoas façam barulho na rua e se envolvam em desacatos", referiu Luís Filipe Monteiro.

O presidente da Junta de Santos considera que "a freguesia tem de ser uma zona de lazer e de diversão, mas sem prejudicar quem ali mora. É preciso respeitar os residentes". Por isso, apela à intervenção da câmara, como aconteceu no Bairro Alto.