No novo mapa da noite lisboeta, o bairro de Santos é cada vez mais a referência para os noctívagos, nove meses depois da implementação de novos horários nos estabelecimentos nocturnos no Bairro Alto
Os horários mais restritivos no Bairro Alto foram aplicados em Novembro de 2008 como parte integrante do plano de intervenção da autarquia para a zona.O Bairro Alto, que era o ex-libris para os amantes da noite lisboeta, passou o testemunho a Santos, embora o«ambiente» e toda a vivência do novo espaço de eleição esteja longe de convencer a maioria dos noctívagos.«Quando os bares no Bairro [Alto] fecham, vamos normalmente para Santos. Mas não é a mesma coisa», afirmou à Lusa João Marques, 22 anos, que celebrava na noite lisboeta com os colegas de curso o fim de mais um ano lectivo. João Marques estudou um ano em Colónia, Alemanha, integrado no programa Erasmus. Garante que, onde esteve, «não há nada parecido» com o Bairro Alto, e não deixa de sentir «pena» pelos limites horários impostos no ano passado, embora «compreenda» o gesto em razão dos moradores no bairro.Para Ana Nunes, 19 anos, o hábito dos noctívagos lisboetas de «jantar tarde» ao fim-de-semana leva a que as visitas ao Bairro Alto sejam cada vez mais curtas.«Às vezes é jantar com os amigos, esperar que chegue mais alguém, acabar de comer tarde, ir ao Bairro Alto beber um copo e olhamos para o relógio e são duas da manhã. E há cada vez mais gente a ir para casa depois, em vez de continuar noutro lado», reforça.Cenário igual é assinalado por Hugo Madaleno, de 32 anos, engenheiro de formação, que admite que os novos horários no Bairro Alto alteraram «significativamente»os seus hábitos nocturnos.«Com a mudança da hora já não vou ao Bairro Alto, porque antes jantava por lá, entre as dez e a uma da manhã, mais ou menos, e depois continuava a copofonia até perto das quatro.
Com o Bairro Alto a fechar a torneira às duas, torna-se impossível fazer isto. Agora vou até Santos, ou então depois do jantar vou para casa», disse à Lusa.Dificilmente um amante da noite lisboeta passa uma noite num só espaço. Pelo menos esta é a opinião de Jorge Santos, 43 anos, gerente do bar Left, no bairro de Santos.Para o responsável, Santos abrange diverso tipo de públicos, maioritariamente «miúdos», mas também camadas etárias mais velhas e com «diferentes objectivos» quando saem à noite.No entanto, assevera Jorge Santos, é «difícil» perceber se alguma da população que visita Santos de noite «vem directamente do Bairro Alto».Bica, Cais do Sodré, a discoteca Incógnito, em São Bento, meio caminho entre o Bairro Alto e Santos, e a discoteca Lux, em Santa Apolónia, todos em menor escala, foram locais da noite lisboeta também referidos pelos entrevistados como de possível prolongamento de diversão no período após o encerramento dos espaços no Bairro Alto.Lusa/SOL
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